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Idéias Íntimas I |
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Ossian o bardo é triste como a sombra Que seus cantos povoa. O Lamartine É monótono e belo como a noite, Como a lua no mar e o som das ondas Mas pranteia uma eterna monodia, Tem na lira do gênio uma só corda, Fibra de amor e Deus que um sopro agita: Se desmaia de amor a Deus se volta, Se pranteia por Deus de amor suspira.Basta de Shakespeare.
Vem tu agora, Fantástico alemão, poeta ardente Que ilumina o clarão das gotas pálidas Do nobre Johannisberg! Nos teus romances Meu coração deleita?se. . . Contudo Parece?me que vou perdendo o gosto, Vou ficando blasé, passeio os dias Pelo meu corredor, sem companheiro, Sem ler, nem poetar. Vivo fumando. Minha casa não tem menores névoas Que as deste céu d'inverno. . . Solitário Passo as noites aqui e os dias longos; Dei?me agora ao charuto em corpo e alma; Debalde ali de um canto um beijo implora, Como a beleza que o Sultão despreza, Meu cachimbo alemão abandonado! Não passeio a cavalo e não namoro; Odeio o lansquenê. . . Palavra d'honra: Se assim me continuam por dois meses Os diabos azuis nos frouxos membros, Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso. |
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Autor: Manuel Antônio Álvares de Azevedo |
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Título |
Idéias Íntimas I |
Autor |
Manuel Antônio Álvares de Azevedo |
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